quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Poema de Engate

Anda,
Vem viver comigo a minha vida,
Traz também contigo a tua vida,
De alma e coração, vem de corrida.

Anda,
Que eu tenho pressa de viver,
Já estou bem louco de sofrer,
Sem ti, perto de mim, no amanhecer.

Anda,
Partilha comigo este Sol posto,
O mesmo que te aquece o lindo rosto,
Cuj’ausência me deix’este desgosto.

Anda,
Vem viver comigo a minha vida,
Vem vivê-la repartida,
De alma e coração...vem de corrida

Filipe Luar

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Esteja atento/a!


Em Janeiro, para você ler...

"NOTÍCIAS NO CARVÃO (ou talvez não...)"

O jornal mensal do seu Restaurante-Arte.

GESTOS > Até 24 de Janeiro

«Na pintura, é a primeira vez que apresentamos a exposição de uma profissional do ofício.
Arlette Marques, uma angolana residente em Portugal desde a década de 80, surpreende-nos pelo que não é óbvio.

Efectivamente, a sua pintura é atípica do que consideramos ser “pintura africana”, porque a sua estética dá à arte que representa uma dimensão universalista que a faz saltar das paredes redutoras de um continente ou região.

E surpreende-nos, ainda mais, pela circunstância de ser assumidamente autodidacta – o que enfatiza sobremaneira o seu absoluto domínio da técnica
»

Maurice Grassé

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Se a gente quiser...




Boas Festas
e um 2009 Pela Paz e Amizade!
Regressamos brevemente com mais informação cultural. As tertúlias, as exposições e a boa gastronomia continuarão a ser constante no próximo ano. As novidades também. Em Janeiro vai surgir "Notícias No Carvão (ou talvez não...)" - o jornal mensal deste Restaurante-Arte. Até já!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Poema a um Amigo


Perguntaram-me um dia,
se na minha vida havia
um Amigo.
Respondi que sim,
ai de mim!
Tenho vários,
Outros, são salafrários,
e esses, que eu bem conheço,
não mereço.
São falsos e traiçoeiros,
às vezes até, trapaceiros,
e a eles eu nada peço.
Para esses, nada mereço.
Aos Amigos, eu recorro,
seja p’ra pedir socorro,
ou contar uma vitória.
P’rós Amigos é a glória!
P’ra Eles, se eu estou bem,
não é caso p’ra desdém.
Amigo, não é salafrário,
muito antes pelo contrário:
sofre com o meu sofrimento,
grita com o meu desalento,
e é bom tê-Lo por perto.
É oásis, no deserto.
É Ele que comigo grita,
bem alto, de voz aflita,
se a vida nos é madrasta,
Merda, porra, já basta!!!!!!!!

Filipe Luar

O(s) Utensílio(s) da Escrita

Parece-me que foi num inverno. Ali, nos contrafortes da serra do Montejunto. Um furo e um pneu que se muda, um corpo que se verga em direcção ao negro alcatrão. Seguramente que a caneta caiu ali – e ali ficou.
Já se passaram muitos anos sobre a perda da minha caneta Pelikan de cor verde. E foi, sem dúvida, a maior perda material [e afectiva] que tive ao longo desta minha vida de viagens e acidentes de percurso
Com ela cheguei aos bancos da escola. Com ela escrevi as primeiras cartas de namorados, alinhavei os contornos de textos de revolta – e fiz-me publicista da crítica social em jornais inconformistas.
Sinto, com uma imensa saudade, a falta que me faz a companhia desse pequeno utensílio que, não raras vezes, escrevendo coisas apressadas [e talvez sectárias], sempre o fez com honestidade e entregue às utopias possíveis.
Depois dessa perda, considero que comecei a escrever pior, que as palavras se arrastam no branco do papel – e que a energia transbordante da escrita se transformou numa coisa penosa.
Mas continuo! Com mais dificuldade, é certo, mas animado de uma alegria, de uma vontade maior em fazer da escrita particularidade de um combate mais vasto. Pela dignificação Humana e pela sua elevação, destruindo o animal que há em nós.
Restou-me sempre uma última esperança, que a caneta tenha sido achada por alguém que a estime e saiba fazer da escrita uma coisa séria e limpa!


António Manuel Pinho

Não esquecer!!!

É já em 14 de Janeiro!
2º Jantar Tertúlia com JOSÉ MÁRIO BRANCO. É uma das referências maiores da música portuguesa. Aos 65 anos, José Mário Branco manifesta uma radicalidade serena e revela uma rara humanidade. Cantor de protesto, compositor genial, continua a acreditar nos ideais que sempre o nortearam - ou de como a cantiga continua a ser uma arma - e as cedências ao mau gosto não são coisa a que se permita.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Exposição de Pintura de ARLETTE MARQUES

GESTOS De 26 de Dezembro a 24 de Janeiro

Nova Exposição de Pintura em 26 de Dezembro


ARLETTE MARQUES, nome maior da pintura angolana, honra o NO CARVÃO com a sua presença no espaço deste Restaurante-Arte.

De 26 de Dezembro de 2008 a 24 de Janeiro de 2009 poderemos ver GESTOS - um hino à sensibilidade e à fraternidade.



"A Pintura de Arlette Marques"
Filipe Zau (*)

Segundo o filósofo ghanês, Kwame Anthony Appiah, na sua obra “Na casa de meu pai: a África na filosofia da cultura”, o escritor nigeriano Chinua Achebe teria afirmado que “(…) a identidade africana ainda está em processo de formação. Não há uma identidade final que seja africana. Mas, ao mesmo tempo, existe uma identidade nascente (…).”

Hoje, em Angola, o conceito de angolanidade encontra-se ainda em construção e é entendido como sendo “o somatório cultural de todos os grupos sociais, conhecidos ou não, que alguma vez tenham afluído ao solo pátrio.” Contudo, sendo cada um de nós um bio-psico-social inserido num contexto cultural específico, de acordo com o sociólogo argelino Amin Mallouf,

“(…) a identidade de cada pessoa é constituída por uma multicidade de elementos, que não se limitam evidentemente aos que figuram nos registos oficiais. Existe claro, para a maior parte das pessoas, a pertença a uma tradição religiosa, a uma nacionalidade, por vezes duas; a um grupo étnico ou linguístico; a uma família mais ou menos alargada; a uma profissão; a uma instituição; a um determinado meio social… Mas a lista é mais extensa, virtualmente ilimitada; pode sentir-se uma pertença mais ou menos forte a uma província, a uma aldeia, a um bairro, a um clã, a uma equipa desportiva ou profissional, a um grupo de amigos, a uma empresa, a um partido, a uma associação, a uma comunidade de pessoas que partilham as mesmas paixões, as mesmas preferências sexuais, as mesmas diminuições físicas, ou que se acham confrontadas com os mesmos problemas. Estas pertenças não têm evidentemente, a mesma importância, pelo menos, não ao mesmo tempo. Mas nenhuma delas é totalmente desprovida de importância. Elas são os elementos constitutivos da personalidade, poder-se-ia quase dizer ‘os gens da alma’, na condição de precisarmos que, na sua maior parte, não são inatos.”

No fundo, num mesmo ser humano podem co-existir vários sentidos de pertença ou identidades que, no seu conjunto, representam mais valias, que compõem a sua própria personalidade. Arlette Marques é a expressão clara de uma mestiçagem cultural, caracterizada pela “presença simultânea de elementos culturais africanos e europeus (…)”, que lhe permitem “actuar nesses dois mundos e realizar uma interligação entre eles.” Uma realidade histórica e social já observada no início do século XVIII, aquando da emergência de uma classe média africana na cidade de Luanda. A sensibilidade artística de Arlette Marques bebe, sobretudo, desta síntese cultural. A representação figurativa, a imaginação, o movimento e a sensualidade de mulheres e de divindades do mar… são os pontos cruciais do seu trabalho. O traçado anatómico tem influência europeia, mas as cores que emprega, são as de África: os amarelos cor de papaia; os ocres de várias tonalidades; os vermelhos-púrpura do pôr-do-sol; os verdes, que sangram seiva… A leitura é intuitiva e, por vezes, etnográfica, como foram as obras do inesquecível Neves e Sousa, pintor e poeta “africano” nascido em Matosinhos, que adoptou Angola como sua pátria e acabou por falecer em S. Salvador da Bahia.

Arlette Marques nasceu em Luanda e investiu no quotidiano sócio-cultural das cidades com presença africana desde o início do tráfico negreiro, tais como Lisboa e S. Salvador da Bahia. O seu mundo (de vários pequenos mundos) é impossível de ser visto apenas com os olhos em Angola já que, o seu trabalho reflecte a angústia de uma incessante procura de si própria nas afinidades histórico-culturais existentes no eixo Lisboa/Luanda/Salvador. Daí que a sua pintura transporte o teor de uma síntese cultural de matriz urbana, profundamente miscigenada, mas com uma tónica que também concorre para a harmonização e para a construção de uma angolanidade, que se faz hoje necessária. É no contexto dinâmico, inserido numa lógica de complementaridade (e não de exclusão) que, a pintura de Arlette Marques, deve ser vista, interpretada e apreciada.

(*) Músico, escritor, investigador e doutorando em Ciências de Educação, especialidade de multiculturalismo e interculturalidade.



sábado, 20 de dezembro de 2008

Convívio de fim de curso

Alunos da CFPSA da Pontinha, integrados no programa de reavaliação de competências - que permite a equivalência ao 12º ano -, realizaram o seu convívio de fim de curso em NO CARVÃO (ou talvez não...).
O evento ocorreu no passado dia 18, e nele participaram alguns dos formadores. Isto, depois de a direcção da escola não ter cedido instalações para o efeito, o que constituiu motivo de consternação para os alunos do grupo 26, onde pontifica Raul Ferreira - O Chef de NO CARVÃO.
O convívio decorreu animado, dando espaço ao espírito de tertúlia - uma das características da casa.

domingo, 14 de dezembro de 2008

2º Jantar Tertúlia com JOSÉ MÁRIO BRANCO


Para além da música, da sua genialidade de compositor e cantautor, este homem do Porto, caminheiro de vários destinos, aprendiz de feiticeiro, revela uma personalidade ímpar onde o lado mais profundo da sua humanidade se casa pleno com um permanente e desasombrado empenhamento social e cívico, fazendo dele uma referência fundamental deste nosso tempo.


14 de Janeiro, Quarta-feira, 20.00 horas

Inscrições até 12 de Janeir0 20 euros (Aperitivos, Entradas, Sopa, Prato de Peixe, Prato de Carne, Sobremesa, Café e Digestivos)

Tertúlia com Otelo foi um êxito - venha a próxima!

A coisa prolongou-se até às tantas. Para além do militar, do estratega do 25 de Abril, do protagonista da Revolução, Otelo revelou-se um tertuliano assumido e um polemista "politicamente incorrecto"...


terça-feira, 9 de dezembro de 2008

1º Jantar Tertúlia com Otelo Saraiva de Carvalho

Uma das figuras mais marcantes da Revolução de Abril é o convidado de honra da primeira tertúlia No Carvão.
O estratega do 25 de Abril, num estilo desempoeirado que lhe é característico, irá, seguramente, deslumbrar os tertulianos pela frontalidade dos seus argumentos e pela sua personalidade eivada pela ironia e o humanismo.
10 de Dezembro, 20.00 horas


Restaurante NO CARVÃO (ou talvez não...)
Av. Ruy Luís Gomes, nº 5 lj
Alfornelos (Colina do Sol)
2650-130 Amadora